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Restaurantes populares, wifi nas grotas e auxílio financeiro integram propostas dos candidatos à Prefeitura de Maceió nas periferias

Valéria Correia, do Psol, é a candidata que mais faz referências às comunidades da capital alagoana

Texto de Tais Albino

Com uma olhada mais atenta às agendas dos principais candidatos à Prefeitura de Maceió, é possível observar um padrão nos compromissos marcados em bairros periféricos da capital alagoana e, principalmente, na maneira como eles são reportados em suas redes sociais.
Porém, para além das fotos com crianças e adolescentes que vivem nas comunidades e abraços em moradores em feiras livres, a reportagem do O Que Olhos Não Veem foi atrás do que eles prometem.

Vale lembrar que um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostrou que 55,1 mil pessoas vivem no que eles denominaram ‘aglomerados subnormais’ em Maceió, que são favelas e outras formas de ocupação de áreas públicas ou privadas para fins de habitação.

A candidata do PSOL e ex-reitora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Valéria Correia é quem mais cita a periferia em suas propostas. Em um plano de governo com 59 páginas, palavras como grotas, periferias e comunidades e favelas aparecem 17 vezes e são mencionadas em sete propostas distintas. Valéria Correia fala em criar bancos de alimentos nos bairros da periferia, com objetivo de administrar a oferta de preços em momentos de crise; implantação de um programa de compras da Prefeitura voltado às cooperativas e à produção dos pequenos negócios na região; e a criação de restaurantes populares nesses bairros, entre outras propostas.

Confira aqui todas as outras propostas

Em um plano de governo de 44 páginas, o candidato do MDB, Alfredo Gaspar de Mendonça se refere às grotas e periferias seis vezes, em cinco propostas diferentes. Entre outras promessas, o ex-procurador-geral de Justiça de Alagoas diz que irá criar um programa socioeconômico para impulsionar o primeiro negócio e o primeiro emprego nas regiões; fala em implantar um projeto de melhoria das unidades habitacionais localizadas em grotas e também em realizar um campeonato esportivo em regiões periféricas.

O deputado federal e candidato à Prefeitura de Maceió pelo PSB, JHC, também cita diretamente grotas e periferias em cinco propostas distintas, em seu plano de governo com 22 páginas. A que mais ganhou destaque durante a campanha foi a promessa de implantar rede de wi-fi com acesso à internet nas grotas e locais de vulnerabilidade social. Além disso, o parlamentar também pretende criar um programa específico de geração de renda para a população e um núcleo de Cultura Urbana e Digital nas periferias.

Ricardo Barbosa, candidato do PT, por exemplo, menciona as palavras grota e periferia, ou variações delas, 18 vezes em seu plano de governo de 19 páginas, porém, elas são citadas diretamente em apenas três propostas. Para aumentar a oferta de educação infantil, Barbosa quer construir mais creches. Ele também fala em construir bibliotecas comunitárias com foco em literatura brasileira nos três maiores distritos das periferias e em expandir a oferta de opções de cultura, esporte e lazer nessas regiões.

Corintho Campelo, do PMN, faz três menções em suas propostas, de acordo com seu plano de governo de 14 páginas. Corintho, que foi prefeito de Maceió em 1982, diz que, em parceria com o Governo Federal, irá buscar urbanizar e humanizar grotas e favelas maceioenses e, através destas parcerias e convênios com universidades, promete levar conhecimento técnico, principalmente para adolescentes da periferia. Além disso, quer implementar políticas públicas que incentivem a geração de emprego e renda para a população.

A candidata Lenilda Luna, da UP, também citou grotas e periferias em três propostas distintas em um plano de 19 páginas. São elas: a criação de centros de arte-educação para crianças, adolescentes e idosos; implantação de centros de atendimentos voltados para mulheres e LGBTs vítimas de violência e aprimorar a organização das festas populares, como carnaval, réveillon e São João, para que contemplem também bairros periféricos.

Cícero Almeida (DC), Cícero Filho (PCdoB) e Davi Davino Filho (PP) mencionaram a periferia diretamente apenas duas vezes em suas propostas. Com um plano de sete páginas, o ex-prefeito de Maceió, Cícero Almeida fala em criar complexos poliesportivos com grama sintética e em recuperar toda área periférica de Maceió com investimentos em saneamento, pavimentação, calçamentos, manutenção e construção de novas.

O jornalista Cícero Filho quer criar um auxílio financeiro direcionado a despesas com reformas e construção de imóveis localizados em bairros da periferia e grotas de Maceió e realizar pequenas obras de infraestrutura nas regiões, com exigência de emprego da mão de obra da própria comunidade. O plano de governo dele tem cinco páginas.

Já o deputado estadual Davi Davino Filho, cujo plano tem 34 páginas, vai desenvolver, em conjunto com as Secretarias de Educação e Saúde, o programa Cidadania Nas Grotas “Para Além das Obras”. Também promete executar obras de infraestrutura.

Josan Leite, do Patriota, é o único que não menciona a periferia em nenhuma de suas propostas nas 17 páginas no plano de governo. No entanto, cita “áreas de maior vulnerabilidade” em duas promessas de campanha. São elas: a implantação de restaurantes populares e criação de incubadora de empresas, “incentivando a capacitação, qualificação, inovação e o empreendedorismo desta população”.

*A montagem acima destacada foi produzida pelo G1-AL.

Olhos Jornalismo

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