Categories: Reportagem

As ONGs que estão ajudando as periferias na prevenção contra a Covid-19

Ações são promovidas por instituições que atuam na capital alagoana

Texto: Géssika Costa

Fotos: Vítor Beltrão

Lavar as mãos com água e sabão por 20 segundos, usar álcool em gel, evitar contato com pessoas doentes, não tocar olhos, nariz e boca são as recomendações passadas neste momento pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras autoridades de saúde pública para enfrentar a disseminação da pandemia da Covid – 19.

Mesmo com a difusão de campanhas pelos Governos Federal, Estadual e Municipal e a constante veiculação de reportagens sobre os cuidados para evitar o coronavírus, milhares de pessoas que vivem sem acesso à água e ao saneamento básico não estão conseguido se adequar às instruções.

Só para se ter uma ideia, em Maceió, segundo dados do Painel Saneamento Brasil, do Instituto Trata Brasil, ao menos 15,8% da população vive sem acesso à água e 57,8% sem coleta de esgoto.

Com a situação, organizações não governamentais e lideranças comunitárias da capital alagoana iniciaram campanhas para arrecadar itens de limpeza, higiene básica pessoal e mantimentos no intuito de ajudar pessoas que tiveram as finanças diretamente afetadas, isto é, os trabalhadores informais.

Neste grupo, estão pescadores e marisqueiras que trabalham na Avenida Senador Rui Palmeira, na parte baixa da capital alagoana. Devido à orientação de isolamento, eles registraram uma queda considerável nas vendas de seus produtos.

Sensibilizados a essa realidade, o Instituto Manda Ver, que integra a Rede Gerando Falcões, iniciou nesta quinta-feira (19) uma campanha para arrecadar sabão, sabonete, álcool em gel e cestas básicas para os moradores das Favelas Mundaú, Quadra Doze, Peixe e Sururu de Capote. Além disso, foram instaladas torneiras com água e sabão à disposição da população do local.

“As doações podem ser feitas na sede do Instituto, situado à Avenida Monte Castelo, no Vergel, na terça ou quinta-feira, das 8h às 12h. Mas podemos ir até a pessoa buscar também”, informou Carlos Jorge, presidente da Instituto Manda Ver.

 

Também na parte baixa da capital alagoana, a ONG Projeto Erê e a Comunidade Nosso Lar, estão recebendo doações de sabão, sabonetes, álcool em gel, desinfetantes, luvas, fralda descartável e leite em pó.

Para ajudar o projeto Ererê, os produtos podem ser entregues de segunda a sexta-feira, em horário comercial, na sede do Projeto, situada à Rua Bella Vista, 554, Levada. No caso da Comunidade Nosso Lar, as doações podem ser entregues na sede da ONG, localizada na Avenida Senador Rui Palmeira, 481, no Vergel do Lago.

Na região do Tabuleiro do Martins, a Casa de Resistência Iyalorixá Mãe Vere de Oyá está arrecadando suprimentos alimentícios e de higiene para abastecer os atendidos pela Ong. Os produtos devem ser entregues no Conjunto Otacílio de Holanda, quadra K, número 53.

Bicicleta para prevenção

Esta semana o Governo de Alagoas anunciou algumas iniciativas para alertar a população sobre os cuidados para evitar a contaminação pelo coronavírus. Rádios, tvs, sites, e redes sociais serão utilizados como ferramenta para conscientizar os alagoanos. Mas nem sempre esses meios conseguem chegar a quem mais precisa. Pensando nisso, o Comitê dos Povos da Lagoa — organização criada com o objetivo de compartilhar a realidade dos povos da luta pelo direitos dos povos da lagoa — irá articular a passagem de carros e bicicletas de som com mensagens no local sobre prevenção ao vírus.

De acordo com Samuel Scarponi, integrante do Comitê, muitas pessoas que moram nas favelas que margeiam a lagoa ainda não tiveram acesso às informações sobre o combate ao problema.

“Infelizmente, muita gente ainda não entende a gravidade da situação e, bem mais do que isso, a maioria sempre viveu sem acesso à água e ao saneamento. Fica até difícil de falar em medidas de prevenção quando a vida toda o básico foi e está sendo negado”, explica.

Ainda segundo Scarponi, mesmo com as medidas de prevenção, muitos moradores não terão como seguir as orientações, uma vez que a maioria dos barracos não possui água encanada.

“Só para se tirar como exemplo, na Sururu de Capote são apenas três bicos de torneira para a favela toda. A questão é: se está ruim para você, imagina para quem mora lá”, reflete.

Para saber mais sobre as campanhas, basta entrar em contato pelas redes sociais:

Instituto Manda Ver @mandaver ou 99925-4866;

Projeto Erê @projetoere_al ou 98143-9674;

Comunidade Nosso lar @comunidadenossolar;

Abassadeangola _abassadeangola.

Géssika Costa

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