Texto: Bruna Rafaella
Fim de uma tarde nublada em algum bairro periférico de Alagoas, rua de barro, logo na entrada esgoto a céu aberto. Quatro jovens deitados no chão, um deles sem camisa durante abordagem policial. Um dos policiais chama uma senhora: “Oh minha tia, vem cá, por favor. A senhora é mãe de quem? “O de camisa amarela”, responde a mulher de cor negra já com um pedaço de madeira na mão. A autoridade policial ordena: “dê uma cipoada nele aí vá”.
O PM continua: “Pode bater nele aí mesmo”. Revoltada, em meio a palavrões, a mulher que aparenta ter entre 50 e 60 anos continua a bater incansavelmente em seu filho. Os golpes atingem a região das nádegas e das costas. O agente da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) pede para que o rapaz — mesmo apanhando — continue deitado no chão: “fique aí”, “você está dando desgosto a sua mãe”. Durante a ação, a mãe chega a quebrar o pedaço de madeira no corpo do jovem: “eu cato papelão, para sobreviver, todo mundo sabe”.
O vídeo, que circula nas redes sociais desde a manhã desta quarta-feira (20), foi cedido a um perfil no instagram de um portal de notícias de Maceió. Os créditos são de um outro perfil administrado por policiais militares de Alagoas.
Veja vídeo abaixo:
Por meio de sua assessoria de comunicação, a Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) informou que a Corregedoria da Corporação já tem conhecimento sobre o caso e tomará medidas administrativas que o caso requer.
Em contato com a reportagem do o O Que Os Olhos Não Veem, o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL) Daniel Gueiros, disse que pelas imagens é possível verificar que o jovem agredido foi exposto à situação vexatória e constrangimento não autorizado pela lei.
“É importante aguardar apuração específica da própria Polícia Militar, mas pelas imagens é possível verificar essa situação, o que pode configurar abuso de autoridade baseado nas mudanças legislativas implementadas em 2019. Como Comissão, solicitaremos que a PM apure a conduta por meio de sua Corregedoria, já que se trata de um fato público”, disse Gueiros.
Luiz Diego Omena, também integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-AL, diz que a guarnição não pode agir de tal forma.
“Como representantes do Estado a PM não pode ter esse tipo de ação. É um conduta que não é aceitável, mas vamos procurar mais informações sobre o vídeo para poder nos pronunciar de maneira mais abrangente e solicitando informações via Corregedoria”, explicou.
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