Produtores de conteúdo digital apostam em vídeos de humor sobre cotidiano
Impulsionados com as possibilidades que as redes sociais proporcionam — principalmente nos últimos anos — muitos jovens têm vislumbrado na internet um meio de alcançar “outros patamares”. Esse é o caso de Kevin Lucas, Daniel Correia e Júlio César. Influenciadores digitais maceioenses que — com muito bom humor, criatividade e disposição — despertam em seus seguidores a representatividade de suas ‘quebradas’ por meio de vídeos cheios de causos, piadas e situações comuns em seus bairros.
Inspirados em grandes nomes das redes — como Júlio Cocielo — eles saíram do anonimato e passaram a construir suas próprias histórias. Seja “metendo o passinho” ou fazendo humor em meio às situações do dia a dia, o trio é referência nas produções de conteúdo para as redes e vem conquistando muito mais do que likes. Juntos, os influenciadores já alcançaram mais de 1 milhão de visualizações em vídeos no instagram.
O mais novo, Kevin, de 17 anos, morador da Pajuçara, parte baixa da capital alagoana, é dono do perfil Tchelo TV. Ele produz vídeos de comédia com recorte local e soma quase 9 mil seguidores no Instagram e milhares de comentários.
Com mais de 46 mil seguidores no Instagram e cerca de 200 mil no TikTok, Júlio César ou César do Passinho, 18 anos, é o rei do gingado e ‘dá o papo’ dançando.
Já Daniel Tartameen, de 21 anos, vem crescendo na área do humor, tem 23 mil seguidores em seu perfil e posts com mais de 1 milhão de visualizações.
Os três jovens começaram a produzir vídeos no mesmo período, mas cada um com suas próprias características. O dono do perfil Tchelo TV, por exemplo, iniciou nesse meio quando ainda era adolescente. “Eu sempre fiz conteúdo desde pequeno em outras plataformas, tipo o Youtube, mas nunca fui muito longe. Onde eu tô tendo mais alcance é no insta que eu gravo desde agosto de 2020”, contou Kevin.
O mesmo aconteceu com Tartameen que começou em 2017, influenciado por Júlio Cocielo. De início, o ‘Homem Tartaruga’ esteve no Youtube, porém, acabou migrando para outras plataformas como Instagram, TikTok e Kwai, seu foco atual.
Já para César do Passinho, morador do bairro do Benedito Bentes, a virada de chave ocorreu em 2018. Ele conta que a dança, inicialmente, representava apenas mais um hobby em sua vida.
“Quando eu dançava, lá pra 2018, não era muito fã de Instagram nem face, só dançava por dançar, chegou um certo dia que meus amigos começaram a falar ‘pow tá dançando muito porque não cria um Instagram, fica famoso, mano’, daí surgiu a vontade de me aprofundar mais no mundo da internet e por isso que até hoje eu tenho o Instagram com mais de 46 mil seguidores”, relata.
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Apesar do sucesso, ninguém disse que o caminho para a fama seria cheio de empecilhos. As redes sociais tendem a transmitir para os seus usuários o falso sentimento de que o trabalho nesse meio é fácil: mas o cansaço mental, o pouco incentivo por parte de amigos e familiares e até mesmo o baixo alcance com algumas plataformas que priorizam conteúdos patrocinados fazem parte da rotina.
Tartameen conta que nos momentos em que as coisas não vão tão bem, a saída é deixar o celular um pouco de lado e, como todo jovem, tentar se divertir jogando videogame para distrair a mente. Já César do Passinho — sempre movido pela dança — gosta de escutar música e/ou procurar podcasts de alguns famosos para se inspirar.
Tem stories para você gravar, botar um sorriso no rosto e meter marcha independente que você esteja bem ou mal. Sempre tem que gravar para a galera e fazer eles sorrirem, isso que me motiva mais
No caso de Kevin, a limitação com o Instagram é o que mais o desmotiva. Ele ressalta que, às vezes, conteúdos simples conseguem ter mais valorização dos internautas do que conteúdos mais elaborados. Outra dificuldade é referente ao pouco incentivo de seus amigos e familiares que dizem investir tempo na produção de conteúdo digital é apenas uma ilusão, mas para Tchelo: “se der errado, a experiência de tentar foi ótima!”.
Bombando!
Mesmo com inúmeras dificuldades, o sucesso na interação com o público e o alcance do conteúdo trazem esperança para o trio. Tchelo TV confessou que, há poucos meses, quando viu o número de visualizações crescendo, quase não acreditou e ficou feliz por ver seu esforço sendo recompensado. Para esse ano, ele pretende produzir conteúdos ainda mais divertidos e, num futuro próximo, seu objetivo é ser verificado no Instagram.
O sentimento de alívio e felicidade também é compartilhado por Daniel Correia e Júlio César que se sentem gratos por verem seus trabalhos tendo reconhecimento. Assim como Tchelo, Tartameen também sonha grande e contou que em 2022 a meta é produzir ainda mais para chegar à marca de 100 mil seguidores. Dentre os três, atualmente Tarta é o único que consegue se sustentar com a repercussão dos vídeos nas redes.
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Para os influenciadores, o trabalho de produzir conteúdo digital, apesar de cansativo, também é prazeroso. “Essa é a melhor parte. Por incrível que pareça tudo acontece naturalmente, se for algo engraçado, nós tiramos os conteúdos da nossa própria vida ou quando é dançando eu tiro da minha própria cabeça, já é uma coisa natural pra mim criar conteúdo”, afirmou César do Passinho.
Conhecido no cenário cultural periférico, em Alagoas, há mais de 30 anos, o produtor e educador Ari de Oliveira, o Ari Consciência, explica que a internet é mais uma das alternativas para a construção do sentimento de pertencimento da juventude aos seus territórios e ao cotidiano nos bairros de Maceió.
“Esse engajamento territorial e cultural serve, sim, como um bom produto, que passa a ser propagado nas mídias”.
*Estagiária sob supervisão da editoria.
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