Membros do próprio partido divulgaram nota repudiando a situação

Os filiados e militantes da base do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL em Alagoas lançaram manifesto por democracia na sigla, em Maceió. A nota foi divulgada no sábado (25) e aponta descontentamento com as ações tomadas pelo diretório municipal.

O documento repudia duas notícias que foram encaradas com desrespeito pela militância do partido. A primeira dá conta da não consolidação da cota no fundo eleitoral de 30% para as candidaturas negras para o pleito municipal deste ano, medida que já havia sido acordada pela direção municipal do partido.

A outra questão é referente à divulgação por meio do instagram oficial do partido que na última sexta-feira (24) publicizou que a sigla fechou aliança com o PT para as eleições municipais. O posicionamento foi repudiado pelos militantes que alegaram que a decisão “não respeita a deliberação do próprio diretório municipal, além de que não ouviu de nenhuma forma a militância e filiados do partido”.

Sobre o primeiro assunto, publicamos uma matéria no início do mês relatando a reivindicação dos militantes referente à cota racial de 30% no fundo eleitoral do PSOL, na capital alagoana. O tema chegou, inclusive, a ganhar repercussão nacional com o apoio do deputado federal (Psol-RJ) Davi Miranda.

 

A medida foi proposta após um amplo debate levantado pelos militantes negros do partido e aconteceu de forma consensual por todas as correntes, coletivos e independentes presentes no momento. No entanto, para entrar em vigor na sigla, a iniciativa precisaria ser homologada pelo diretório municipal do PSOL, fato que não aconteceu.

Em mensagem publicada por meio de uma rede social na última sexta (24), o presidente do diretório municipal do PSOL e pré candidato a prefeitura de Maceió, Basile Cristopoulos se manifestou sobre a aprovação da cota de 30% para as candidaturas de negros e indígenas e não a participação do fundo eleitoral.

 

Confira um trecho do manifesto:

“Ao passo que reconhecemos o valor regimental do diretório, acreditamos, por outro lado, que a legitimidade na política se consolida pelo diálogo e pela democracia interna. Acreditamos que antes de construir uma unidade entre os partidos, é fundamental o estímulo ao debate fraterno e aberto. Nós tentamos por diversas vezes propor e construir espaços internos no PSOL onde o conjunto da militância tivesse a oportunidade de discutir ampla e democraticamente um projeto e programa, o que sempre foi evitado e recusado pela atual direção do partido. Foi assim na reunião do dia 16 de julho entre os pré-candidatos e a militância, cancelada sem justificativa pela direção, e está sendo agora na reunião proposta pelos ativistas e filiados e marcada para hoje (25/07), também cancelada pela direção, sem qualquer justificativa.

O PSOL foi fundado para avançar na experiência organizativa no país. Isso impõe para nossos militantes a paciência de uma construção fraterna e coletiva, em que as diferenças sejam colocadas no campo da política e na qual situações como essa não ocorram. Precisamos apresentar ao conjunto da sociedade alagoana um PSOL que seja o partido que acomoda as mulheres, as negras e negros, as lgbtqi+, a juventude e os trabalhadores. Isso só será possível com a mais ampla construção democrática.

Exigimos uma plenária aberta do partido, para que possamos ouvir as variedades dos debates. Os que aqui assinam são militantes com história no movimento operário, anti-racista, feminista, do campo, estudantil e da classe trabalhadora. Construímos o PSOL no cotidiano e na luta, queremos o direito de decidir os rumos do partido. Queremos um PSOL democrático.”

Assinam o documento:

Geysson Santos – Pré-candidato a vereador pelo Mandato Coletivo de Negros e Negras;

Isabela Barbosa – Pré-candidata a vereadora pelo Mandato Coletivo de Negros e Negras; Jeamerson santos – Pré-candidato a vereador pelo Mandato Coletivo de Negros e Negras;

Risonilda Costa da Silva – Pré-candidata a vereadora;

Lu Araújo – Pré-candidata a vereadora Maceió;

Maria do Ó Silva Pereira;

Cerize Alves de França;

Roselma Santos de Souza;

Girlene Leonardo Lopes;

Marcus Swell Brandão Menezes;

Márcio José de Oliveira;

Maria Cicera dos Santos;

Sérgio Santos;

Saulo Theotônio;

Felipe Sales (Bata);

Renata Cavalcanti;

Genildo Nóbrega;

Guilherme Barbosa;

Josian Paulino;

Fabiana Guimarães Xavier;

Rafael Arley.

O que diz o diretório do PSOL-Maceió

Por meio de nota, a direção municipal do PSOL-Maceió informou que até o momento não houve nenhum debate sobre o fundo eleitoral e que foi deliberado apenas a necessidade de ter uma política voltada para as candidaturas negras e indígenas na capital do Estado.

No tocante a aliança com o PT para o pleito municipal, o diretório afirmou que os debates surgiram com o próprio partido. Além de pontuar que é natural a militância não concordar com todos os encaminhamentos.

Leia um trecho do pronunciamento:

“Desde as últimas eleições somos um dos partidos que apresentou o maior número de candidaturas negras e queremos tornar uma política constante do partido. Reconhecemos a discussão sobre a cota racial de 30% do fundo eleitoral para candidatas e candidatos negros e indígenas para as eleições de novembro deste ano, e mantemos nossa posição de que este debate é um avanço no debate racial nas fileiras do partido e deveremos deliberar na primeira reunião que discuta o fundo eleitoral.

O diretório decidiu na semana passada escolher Basile Christopoulos como pré-candidato à disputa da cidade, o que está mantido. Após isso ficou autorizado pelo diretório a busca por alianças com outros partidos, e por fim ampliar esse bloco com os demais partidos de esquerda que também compreendam que essa é a melhor maneira de derrotar o fascismo.”

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