Duas semanas antes da mina 18, localizada na região do Mutange, entrar em risco iminente de colapso, a Defesa Civil de Maceió (DCM) comunicou à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que não renovaria o contrato, que previa o apoio de especialistas da academia ao órgão municipal.
O trabalho integrava as ações previstas no 2º Termo de Cooperação Técnica, assinado entre a Braskem e a Prefeitura de Maceió, em dezembro de 2019. Entre as atividades desenvolvidas pela Universidade, estavam a interpretação de dados e sugestões de soluções técnicas e medidas preventivas aos bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Bebedouro e Farol, afetados pelo crime da Braskem.
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O 2º Termo de Cooperação Técnica tinha o objetivo de ampliar e aperfeiçoar o monitoramento geológico da Defesa Civil e a segurança dos bairros e contemplava a instalação de aparelhos DGPS, a compra de computadores, câmeras e equipamentos de segurança, drones de monitoramento e a instalação da rede de sismógrafos feita em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
De acordo com Roberto Quental Coutinho, professor titular na área de geotecnia do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o contrato foi encerrado em 15 de novembro, exatamente 15 dias antes do problema na mina 18 ser amplamente divulgado aos maceioenses.
“Realmente, ele não foi continuado. Decidiram que não precisava dar mais continuidade. E é claro que todo contrato só é renovado se acharem que é pertinente. Nós tivemos a honra de contribuir por vários anos. Vários dos instrumentos que estão aí foram propostas pelo nosso projeto”, explicou Coutinho.
Ainda segundo Coutinho, o Departamento de Engenharia Civil e Ambiental deve enviar, nos próximos dias, um relatório final à Prefeitura de Maceió.
“O fim do contrato foi encaminhado pela DCM via ofício, falando que não ia ocorrer a renovação. Nós estávamos há três anos trabalhando em parceria com a DCM, com a Defesa Civil Nacional e em diálogo com a Braskem”, pontua o professor que tem larga experiência na área de análise de gestão de riscos de desastres.
A reportagem do Olhos Jornalismo – que integra da Rede Nordeste junto às organizações Marco Zero Conteúdo (PE) e Mídia Caeté – entrou em contato com a Prefeitura de Maceió para saber quais foram os motivos que levaram a não renovação do contrato, mas até a publicação deste material, não obteve retorno.
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Contexto
Na última quarta-feira (29), a cidade de Maceió teve a situação emergência decretada devido ao risco iminente de desabamento da mina 18 da Braskem, localizada na região do Mutange, próximo ao antigo campo do CSA. Esse é apenas um dos problemas que acontece na cidade desde 2018, quando mais de 60 mil pessoas tiveram de deixar suas casas após a exploração de sal-gema da Braskem desestabilizar o solo de cinco bairros da capital alagoana.
|As reportagens sobre a iminência do colapso da mina da Braskem e o afundamento dos bairros de Maceió estão sendo realizadas pela Redação Nordeste, iniciativa que integra o trabalho das organizações de jornalismo independente da região – como o Olhos Jornalismo, Marco Zero Conteúdo e Mídia Caeté – para aprofundar a cobertura de temas de interesse público nos estados nordestinos.|
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